sábado, 17 de janeiro de 2009

O amor de um cão

Vestes sujas, corpo que há muito não sentia água
e sabão, vivia um velho com seu cão Fiel, catando
papael e garrafas pet pelo bairro. Seu único bem:
uma espécie de carroça, onde também morava.
Era a figura mais conhecida de minha rua.
Todos o conheciam, havia sempre alguém a lhe
dar uma xícara de café, um pão, um prato de
comida. E quando fazia muito frio ou chovia, obtinha
refúgio numa de muitas garagens da minha rua.
A comida que ganhava o
velho dividia com
seu cão.
Fiel também já passara, há muito, dos seus dez
anos de idade. Isso para um cão equivaleria à
velhice. Lembro-me perfeitamente bem quando o
velho o encontrou dentro de uma caixa de
sapatos, com poucos dias de vida. O velho ia de
casa em casa pedir um pouco de leite para o
cãozinho. E assim foi ... o tempo passou. Fiel, o
cão, estivera ao seu lado, sem nenhum lamento,
nos bons e maus momentos...
No mês passado, ao colocar o saco de lixo na
rua, de madrugada, notei a carroça do velho
estacionada e Fiel uivando em lamentos, nunca o
vira assim chamei pelo velho.
Nenhuma resposta.
O velho parecia estar
dormindo. Mas, ao tocá-lo,
senti a rigidez da morte.
Vizinhos cotizaram para providenciar o eterro.
Descobrimos que estava tudo pago, desde o seu
caixão até seu jazigo no cemitério da cidade.
Inclusive flores.
O velho cão permaneceu ao lado do caixão no
velório municipal. Acompanhou o féretro. E ficou
deitado ao lado da sepultura do velho. Não queria
acompanhar ninguém.
Durante alguns dias levei água e comida. Todavia,
Fiel, não queria comer nem beber. Recusou até
um bom pedaço de carne.
No quinto dia, encontrei-o rígido: ele fora se
encontrar com seu dono.
Creio que o acompanhará por toda a eternidade.

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Mascote do blog

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Esse é o mascote do blog que se chama Fofinha. Sonia do cantinho do aconchego obrigada por ter feito essa mascote
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